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A descrição mais resumida que encontramos dentre o mobiliário do
Tabernáculo do Senhor é a pia de cobre. Ela quase é sem detalhes:
“Fez também a pia de cobre, com a sua base
de cobre, dos espelhos das mulheres que se ajuntavam, ajuntando-se à
porta da tenda da congregação” (Êx 38.8 - ERC).
Mas a Escritura que não pode errar tem todo um
imenso contexto que não deve ser desprezado.
Primeiramente, a forma que impera no templo do
Senhor:
O altar do holocausto: “... será quadrado o
altar...” (Êx 27.1).
O altar do incenso: “... será quadrado...” (Êx 30.1-2).
O peitoral do juízo que Arão carregava: “Quadrado e dobrado...”
(Ex 28.16).
Os dois altares e o peitoral eram quadrados, com 4 lados iguais, sem
nos preocuparmos com a altura ou seu volume.
Do restante do mobiliário santo, suas dimensões eram retangulares:
o próprio templo do Senhor era retangular, como também o átrio que
o protegia com suas cortinas, as portas de entrada e o véu, mesmo a
arca do concerto. Nada há redondo ou arredondado no templo. Mesmo a
imagem corriqueira que temos do candelabro ou castiçal com seus
braços arredondados a subir da haste central não é definida pela
Escritura. Uma leitura cuidadosa de sua descrição nada comenta
sobre seus braços ‘arredondados’ (ler Êx 25.31-40).
Mas o que constitui o quadrado ou retângulo além dos 4 lados
iguais?
Inicialmente duas coisas: 4 retas a se encontrarem em
ângulos de 90 graus.
Observe o que podemos garimpar com estes termos:
“Os preceitos do Senhor são retos...” (Sl 19.8).
“Bom e reto é o Senhor...” (Sl 25.8).
“Porque os retos habitarão a terra...” (Pv 2.21).
“... a qual o Senhor, reto juiz...” (2 Tm 4.8).
“... Cristo Jesus, a pedra angular” (ERA – Ef
2.20).
Mas além destas duas características constituintes da personalidade
de Deus e de suas obras, há uma terceira: um quadrado ou retângulo
tem suas faces dispostas de tal modo, que uma face olha
para a outra, como que se encaram, se examinam.
“Vi Deus face a face, e a minha vida foi salva” (Gn
32.30).
“Os querubins estenderão as suas asas por cima... estarão eles de
faces voltadas uma para a outra, olhando para o
propiciatório” (Êx 25.20).
“Face a face falou o Senhor conosco...” (Dt 5.4).
“Porque, agora, vemos como em espelho, obscuramente, então,
veremos face a face” (1 Co 13.12).
“... para iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face
de Cristo” (2 Co 4.6).
Quantas coisas divinas podemos aprender com retas, ângulos e faces!
Mas o que ensina a Escritura a respeito do círculo, do arredondado?
“Não cortareis o cabelo em redondo...” (Lv 19.27).
“Então, perguntou o Senhor a Satanás: Donde vens?... De rodear
a terra...” (Jó 1.7).
“Jesus passeava no templo... Rodearam-no, pois, os
judeus para o interpelarem...” (Jo 10.24).
"Sede sóbrios; vigiai; porque o diabo, vosso adversário, anda em derredor (sinônimos: circuito, circunferência, círculo, volta), bramando como leão, buscando a quem possa tragar..." (1 Pe 5.8).
"Sede sóbrios; vigiai; porque o diabo, vosso adversário, anda em derredor (sinônimos: circuito, circunferência, círculo, volta), bramando como leão, buscando a quem possa tragar..." (1 Pe 5.8).
O círculo não possui nenhuma das virtudes do quadrado. Não há
retidão, ângulos ou faces que se examinam. Representa o ciclo da
natureza, o sol a brilhar para o mundo, mas sem justiça ou retidão.
É a vida que começa, caminha e termina em si mesma. Não há
acidentes, nada perturba. Os ângulos, diferentemente, convidam para
uma brusca mudança de sentido, próprio do arrependimento. Mas o que
Salomão diz a respeito do mundo debaixo do sol, redondo?
“... nada há, pois, novo debaixo do sol” (Ec 1.9).
Ele brilha e mantém a vida natural dos homens, mas em nada afeta a
vida espiritual. O círculo representa, então, a vida em si mesma,
sem compromisso com a retidão, sem motivos para mudar o curso de
nossa existência, sem a face de Deus para anelarmos. “Comamos e
bebamos que amanhã morreremos”.
Não obstante, no templo glorioso que Salomão dedicou ao Senhor, um
enorme “mar de fundição, redondo”, que
complementava as 10 pias de bronze, foi construído para comportar dois
mil batos de água, cerca de 40.000 litros. As pias serviam “para
lavarem nelas o que pertencia ao holocausto; o mar, porém, era para
que os sacerdotes se lavassem nele” (2 Cr 3.6). Quem foi seu
artífice?
“Enviou o rei Salomão mensageiros que de Tiro
trouxessem Hirão. Era este filho duma mulher viúva, da tribo de
Naftali, e fora seu pai um homem de Tiro que trabalhava
em bronze; Hirão era cheio de sabedoria,
e de entendimento, e de ciência para fazer toda a obra de bronze”
(1 Re 7.13-14).
Hirão, além do triste fato de ser meio judeu e meio fenício, o que
por si só o desabonava para santificar aquela casa, tinha a oferecer
sabedoria, entendimento e ciência provindas de sua mente carnal.
Muito diferente dos primeiros artífices:
“Disse Moisés aos filhos de Israel: Eis que o Senhor chamou
pelo nome a Bezalel... da tribo de Judá... e o
espírito de Deus o encheu de habilidade, inteligência
e conhecimento em todo artifício...” (Êx 35.30-31). Compare os negritos com a passagem acima.
Este, espiritual, aquele, meramente natural. Hirão ergueria de bom
grado tanto o templo do Senhor quanto um templo para Baal. Sua
mentalidade fenícia se adaptava bem aos modelos arredondados, como
as duas colunas que fizera para o pórtico do templo, certamente
inspirado na mais arrojada arquitetura fenício-pagã de então. O
material com que trabalhava não era o cobre puro, mas o bronze,
misturado como ele mesmo. Para entender a questão cobre-bronze, leia o artigo – Cobre ou Bronze? – nesta coluna.
Com o pouco que expusemos, e poderíamos ir mais a fundo no assunto,
fica garantida a necessidade geométrica da pia de cobre ser
quadrada, satisfazendo as necessidades simbólicas de Deus em seu
templo, assim como o círculo bem representava o caráter de Hirão e
a política idólatra de Salomão.
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